O poder de um pedido de desculpas

agosto 30, 2016

        Nanda adora me contar da sua vida e pedir conselhos. Sempre digo que não sou a mais indicada, mas mesmo assim ela teima. Outro dia, me contou os motivos de estar chateadíssima com uma amiga. Eu não conheço essa garota, mas não precisou de muito para achar uma situação mais absurda do que a outra. Enquanto ela falava, eu tentava pensar em uma solução, já que são muito amigas e apesar dos erros, se gostam e se ajudam muito. Mas mesmo de fora da situação, tudo parecia meio nebuloso, não explícito o suficiente para tomar uma atitude imediata. Por fim Fernanda, virou e me disse, eu vou me afastar dela, vai ser o jeito. 


É complicado. Amar é complicado.
Amar seu amigo, seu namorado, sua mãe. Talvez não o amor em si, mas sentir isso por uma outra pessoa que não é você, logo: Não pensa igual, não age igual, se machuca por coisas diferentes das quais te atingem. E às vezes a gente pode ferir sem perceber. E quando você gosta de verdade da pessoa, isso te afeta também.

E se relacionar é toda uma arte.
Todos temos nossas carências, porém, essencial é estar muito bem consigo e se amando muito (sim!) para entender o espaço que cabe ao outro,que é o de soma e não o de total preenchimento. O outro não é responsável pela nossa felicidade. É egoísmo exigir que o outro nos dê algo que só nós mesmos somos responsáveis. E então há o carinho, e o se importar, e o querer cuidar. Mas nessas, às vezes num dia ruim, ou numa palavra mal colocada, podemos arrasar o outro.

Eu pensava em soluções mirabolantes, quando Nanda soltou, se ela pelo menos me pedisse DESCULPAS, ficaria tudo bem, ela não se importa.

Um brilho sutil me iluminou, e cá estou eu entendendo junto com vocês. Eu tive um namorado que estava tão acostumado a vacilar que pedia desculpas como quem dá bom dia. E eu tive um outro que não pedia desculpas de jeito nenhum. Ambos não duraram muito, e o motivo? O se importar. Com os sentimentos do outro. Com como o outro está se sentindo. E o arrependimento sempre vem, porque nessas de orgulho e egoísmo, perdemos pessoas especiais, e recuperá-las pode ser difícil.

Uma vez eu estava errada e mesmo assim a pessoa me procurou, mostrou que se importava. Depois eu pedi desculpas, mas foi a atitude dela que me resgatou pra um lugar de bondade, e me ensinou pra vida toda (obrigada, F.). Outro dia, eu estava certa, mas me desculpei pelo jeito que falei, estar chateado não dá o direito de machucar ninguém (mesmo que essa pessoa tenha te machucado.)

Às vezes temos que nos desculpar, não pelo que dissemos, mas pelo tom da voz. Não pelo que foi falado, mas pelo jeito que você fez o outro se sentir. E não é o pedir desculpas, em si. É o gesto, é o procurar, é a humildade, é o assumir o erro. Não porque é uma obrigação, mas para mostrar pro outro que você se importa.

E saber que o outro se importa muitas vezes é o que a gente precisa pra acreditar que vale a pena e então continuar a relação.
( e o amor.)

                             

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